DesamarrA-rTe

Aqui nos desamarramos em palavras, que ora podem ser sobre um show, ora sobre uma idéia, um pensamento ou qualquer outra questão que nos toque.
Um abraço, um dia chuvoso, um jogo de futebol, ensaios, gravações, músicas novas, as Nuvens e a terra.
Aqui somos o espelho de nosso dia a dia.
Aqui os Nós da vida se desfazem.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Na trilha do sol

Nem tudo na vida é real

As vezes me transporto pra longe

Sozinho

Crio um ninho de afeição

Me nutro com meu carinho

Rasgo a pele pra tirar cada espinho que encontrei por aí

A busca é amável e nutrir o palpável nem sempre é são

Desfiro tiros de alegria em toda a solidão que jaz em minha vida

Sangro a bota em cada passo na trilha do sol

Pra imaginar que estou voando

Na trilha do sol o vento é que nos leva

Congestionados

Nem tudo na vida precisa ser explicado.

Se digo que sou raro. Pronto, sou raro.

Se digo que nosso caso é amor. Pronto, pra mim é amor.

Essa é a minha verdade. Minha substância fundamental pra que eu enxergue a realidade.



Minha realidade nasce em mim. Então devo fazer dela algo bom. Ou seja, tenho o poder de alterar minha realidade. Mudar a paisagem e as cenas durante toda a minha vida.

Imagine se eu conseguir enxergar o congestionamento como um ballet. Um orquestra de buzinas, sons e até xingamentos. Cada palavra rude, unida a outra, constrói algo sublime, que apenas os mais mundanos conseguem proporcionar.

Ah, com certeza com esse poder, eu poderia dizer que o céu realmente habita em mim. Então em qualquer lugar eu estaria em paz.

Com o congestionamento e seus congestionados.




*obs.: esse texto encontrei ao vasculhar meu pc antigo. deve ter 1 ano ou mais. é tão legal ler algo e não lembrar que esse algo existia.

Então, compartilhei com vocês.

Abs e uma ótima virada para um 2011 cheio de FOME DE VIDA!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Picos Nevados



A milhares de pés a cima do asfalto, o mundo nas Nuvens mais parece a Antártida. A neve vai até onde o olhar alcança e pequenos pedaços de terra, que lembram pontas de icebergs, são os picos nevados.

Sinto que a qualquer instante um urso polar pode surgir ao lado da minha janela, correndo selvagemente, assim como os cães fazem atrás dos carros, só que com uma exótica e única beleza.



Os músculos balançam e os pelos ficam cada vez mais esvoaçantes a cada passo pesado, tudo em um degradê albino, desde o chão de nuvens nevadas, passando pelo animal de grande porte at[e a forte luz do sol que esbranquiça a visão; algo meio "Ensaio sobre a Cegueira", de Saramago. Dizer que a alegria está estampada na feição do urso e na minha própria, seria o mesmo que afirmar que por aqui a inocência perdida no mundo é vida em ebulição, o que é óbvio. Há uma cumplicidade em nossa troca de olhares; eu sei que ele me entende e sente o que sinto, e vice-versa, como se fossemos um só.

Cada vão entre as Nuvens mais altas, nos permite enxergar uma outra camada de nuvens, que em suas fendas nos apresenta rios, matas, corredeiras e, por vezes, aglomerados urbanos. Me sinto dentro de um filme Imax 3d, mas sem aqueles óculos grandes e engraçados.

É confortante perceber que aqui de cima a natureza predomina vastamente. Quem sabe ainda não estejamos perdidos?

23.07.10
10:06hs - vôo Ctba/Guarulhos

Leia ouvindo a canção "Tres mil millones de latidos"do álbum "Amar la trama"de Jorge Drexler.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

1 frame de emoção

Nova canção pra vocês!

Acabei de finalizar a letra de uma nova canção da Nuvens e ela se chama "1 frame de emoção". Até que a vida me prove ao contrário, ela é exatamente como está aí!
Adoro esse momento =]


Eu e minha parceira de viagem, a Lhaminha "Pacha Mama" em Machu Pichu.
1 frame de emoção no Peru, em janeiro de 2010.


1 FRAME DE EMOÇÃO
[Raphael Moraes]

Só faça o q te faça bem
Mesmo que comece mal
Meio errado
Um tanto torto
Um pouco homem, quase todo animal

Atice esse teu fogo morno pra abolir a nossa escravidão
Escravos do sufoco de quem assiste e quem chora no final

O beijo, para e silencia o mundo.
A vida toda num segundo.


Do espasmo vem a saliva, sorridente.
Nesse instante quase tudo é pra sempre.

Teu fuso é meu horário
O primeiro segundo em você sou eu
Os teus olhos de pimenta me chocolateavam

E se preciso eu piro
Acordo o mundo inteiro, à gritos, só pra me desacordar

O beijo, para e silencia o mundo.
A vida toda num segundo.

Do espasmo vem a saliva, sorridente.
Nesse instante quase tudo é pra sempre.


Meu pesadelo vive o medo de acordar
Despertei, solidão.E os meus medos não cabem mais.
Não cabem mais em mim.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Percussão Literária - capítulo 2

Seguindo a mesma linha do capítulo anterior, segue abaixo mais uma história. E essa realmente aconteceu, no final do ano passado.

É a vida que nos prega peças e nos dá lições, nos momentos mais inoportunos e inesperados.

Espero que gostem e uma ótima leitura a todos!


Como (quase) arrancar os cabelos

Muitas vezes a experiência a dois pode nos proporcionar ensinamentos dos mais variados. Acontecimentos nos fazem tirar conclusões sobre diferentes situações, o que pode causar espanto, visto que por vezes envolvem assuntos que nunca imaginaríamos presentes. Certas coisas que só acontecem quando se está junto de outra pessoa, como um casal, é claro.

Aproveito a deixa para introduzir esse breve momento dizendo que existem algumas atitudes humanas que necessitam de uma certa técnica, mesmo que nós achemos que não. É preciso, às vezes, prestar atenção no que se está fazendo, ou as conseqüências podem ser assustadoramente desastrosas. Felizmente, a história que estou prestes a descrever não atingiu tamanha dramaticidade.

Tarde de sábado, feriadão na praia. Estávamos sentados no sofá, aproveitando aquele momento de letargia que sucede o almoço. Tudo corria bem naquele fim de semana prolongado. Eu me preparava para relaxar durante as próximas duas horas, aproveitando a transmissão de mais um jogo da seleção brasileira na TV. Enquanto ela, arrumava as almofadas no meu colo, anunciando que em pouco tempo estaria dormindo embalada pela combinação: barulho do mar + peso no estômago + cafuné.

Começa o jogo, e antes dos cinco minutos, ela já dormia, enquanto eu assistia atentamente à partida, mantendo o movimento das mãos constante, em um gostoso cafunézinho. O jogo seguiu, assim como o sono, o cafuné e tudo mais, numa constância, de quase inércia.

Pra quem não sabe, um cafuné consiste de um carinho na cabeça e cabelos. Movimentos constantes que fazem qualquer pessoa relaxar tamanha a sensibilidade do couro cabeludo. Falando assim parece simples, não é mesmo? Pois não é. E eu explico por que cheguei a essa conclusão.

O cafuné, se executado com desatenção, especialmente em uma cabeça de cabelos longos (esse o caso) pode causar estragos irreparáveis no penteado. Como assistia ao futebol acabei não prestando atenção ao que acontecia sob minhas mãos, que devido ao nervosismo do jogo já não se movimentavam apenas em uma direção. Nessa altura do campeonato, depois de mais de uma hora de cafuné descontrolado, a besteira já estava feita, era só aguardar pra ver. E infelizmente, eu ainda não tinha percebido.

Lá pelos trinta do segundo tempo, ela finalmente acordou, com aquele trejeito de satisfação depois de um sono bem dormido. Olhei seu rosto amassado, analisei os cabelos, ainda sem perceber o tamanho do nó que havia provocado e disse:

- Nossa, como seu cabelo está engraçado...

Ao ouvir, ela levou a mão à cabeça e percebeu o, digamos, nó que se formara durante o sono. Olhou para a porta da sacada, e pelo reflexo percebeu que um “tufo” de cabelos havia se formado, e logo exclamou desesperada:

- Meu Deus, olha o nó que você fez aqui!

- Eu?! Mas eu só fiz um cafuné...

- Não! Não pode ser! Olha isso aqui...

E com a escova começou a tentar consertar a burrada que eu havia praticado, enquanto eu olhava a cena atônito, ainda tentando entender como um inocente e simpático cafuné poderia provocar tamanho desastre.

Passados quinze minutos de desespero, diante da possibilidade iminente da solução mais drástica possível – o corte completo dos cabelos – a situação foi habilmente contornada com golpes precisos de uma escova de cabelos. Mais calmos, conversamos, confabulando sobre o que tinha acontecido:

- Desculpa, na próxima vez vou tentar prestar mais atenção.

- Nossa, se eu tivesse que cortar o cabelo, você ia ver só!

- Sério?!

Risos. Silêncio. Olhou para a TV e concluiu:

- É, acho que não dá pra confiar em um homem assistindo futebol mesmo...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Viver de mar





Viver de mar

[Raphael Moraes]



Viver de mar até o fim

Desfia a carne o sal em mim

A noite envelheceu manhã

Mas dessa vez


Vôo embora sem temor

Bato as asas voa a dor

Ao ver a forma que tomei

Me deformei



Agora tem hora até pra respirar

Me falta o ar

Se penso no que vem

Não penso no que há



Ser vivo hei de despertar

A cova é rasa pra abrigar

Tamanha alma que não vê

Mas dessa vez



Vôo embora sem temor

Bato as asas voa a dor

Ao ver a forma que tomei

Me deformei



Agora tem hora até pra respirar

Me falta o ar

Se penso no que vem

Não penso no que há

sexta-feira, 21 de maio de 2010

2000 e pouco

Trecho da letra de outra nova canção da Nuvens:


"Tem muito nada em tudo. Tem de tudo em nada. Tem por nada e tem por tudo.
Tem ferida aberta no mundo."